19 setembro 2010

Formosa*


Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração

Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração

A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar
Mulher que nega
Nega o que não é para negar
A gente pega, a gente entrega
A gente quer morrer
Ninguém tem nada de bom sem sofrer

* Do mestre Vinicius de Moraes

16 setembro 2010

Luta

Vai tempo,
vai passando
carregando
o que não é seu
destruindo
o que já foi meu
sem pedir desculpa.

Vai tempo
vai contando
somando
aquilo que te dei
dividindo
o pouco que guardei
sem dar em troca.

Vai tempo
vai sumindo
desistindo
do que não tem volta
permitindo
que minha revolta
seja plena.

Acabou, tempo
já não da mais
dessa guerra
eu espero a paz
então me diz
como se faz
pra derrotar a fera.

14 setembro 2010

Morangos e vinhos na madrugada adentro

"Eu sei o que você quer
não adiantar disfarçar
peça o que quiser
não se limite enquanto estiver
me sentindo em você.



Um vinho, por favor
que a noite será longa
mas nada de taças para brindar
eu quero provar
o vinho na sua boca
na sua barriga
entre suas coxas.

A cada gole
um desejo:
a cada seu,
um meu
a cada você,
um eu.
Sem pressa
invadindo.

Sussuros, gemidos, rangidos
nossos sons na madrugada
não me importa mais nada
que já não esteja aqui.



A cada mordida, um pedaço
Vermelho, suculento e molhado
de mim ou de morangos roubados
me faça sentir santo
queimando de tanto pecado.


És poço, és rio, és mar.
Me afogue e não se afaste
me apague o fogo
e logo serei eu
a te fazer suar.

A distância é tão enorme
que se perde no meio de nós

e será meu corpo que pesará sobre o teu
enquanto dorme."

Trincas

É pouco
é tudo
é nada.
O ir
o vir
a estrada.
O partir
o chegar
a alvorada.
Subir
descer
escada.
O ter
o ser
a sorte.
A dor
Amor
a morte.

Decomposição

Ferida aberta
expondo as entranhas
e tão estranhas são as vísceras
ardidas pelo vento que sopra
inflamadas pelo sangue que pulsa
doídas pelo desejo que clama
enquanto o corpo se desfaz
numa cama.

Convulsas idéias de viver
no pretérito sem futuro
a cabeça nos pés
o coração no chão
uma infecção, um colapso
inspiração, expiração
arrancado um pedaço.

12 setembro 2010

Represamento

      Tenho coisas a dizer. Quero dizer coisas. Mas alguma coisa faz com que eu só consiga pensar e querer, sem de fato fazer. Mais tempo, menos tempo qualquer coisa acontece. Esse papo já tá qualquer coisa, ele já tá pra lá de Marrakesh.

      Cada dia me acontece algo que acho que seria interessante compartilhar, mesmo que seja para ninguém. Interessante como a internet lhe permite se comunicar com o mundo quase todo e ainda assim você fala e escreve para o nada.

      Tenho matutado uma tese: o que me levou a criar um blog foi o fim de um relacionamento; com o fim de outro relacionamento finalmente minha mente se livrou de algum tipo de amarra, de trauma que a fazia se focar em externalizar quase todas as emoções. Eu vivia mais pra fora (via tudo como algo a se escrever no blog), do que para dentro (sentindo, absorvendo e refletindo as sensações).

      Por causa disso tudo tenho que me encontrar novamente como uma pessoa que escreve, que demonstra, que compartilha. Não está sendo fácil. Não haverá promessas, mas haverão tentativas de fazer algo bom.

03 setembro 2010

Ainda tenho...

      Ainda tenho muito de você comigo, ainda te carrego pra onde vou. Não vou me livrar disso tão cedo e não quero jogar fora por jogar. Vou aos poucos separando o que quero e o que não quero, o que devo deixar pra trás e o que vai ser sempre meu.

      O que acabou não significa que chegou ao fim.