20 agosto 2011

Tanto nada





Tenho,
dentro de mim,
tanto sentimento pra sangrar
e isso não me basta.
Mata.

15 agosto 2011

Que falta educação faz

      Nasci, cresci (mas não muito) e vivo em Aracaju a quase 30 anos (já estou nessa crise, mas deixo isso para outra postagem). Posso dizer que conheço bem o povo da minha terra e por isso mesmo faço esse desabafo: as pessoas daqui são mal educadas pacas!!!

      Obviamente que essa constatação não engloba 100% da população aracajuana, porém tenho que admitir que a média é maior do que o aceitável. Uma saída de poucos minutos faz qualquer um ver um festival de lixo jogado pela janela, vários sinais vermelhos sendo furados, incontáveis motonetas (as famosas shinerays) trafegando por todos os lugares e seguindo para todos os lados, pessoas que ficam com seus celulares tocando música alta (não só em ônibus), pessoas que ficam com trios elétricos disfarçados de carros competindo pra ver quem atrapalha mais a vida dos outros.

      Hoje me deparei com mais uma faceta dessa deseducação. Estava dando minha pedalada diária num calção que tem duas faixas preferenciais para bicicletas. Isso quer dizer que todo mundo pode trafegar por ela, mas se tiver um pedestre e um ciclista querendo usar ao mesmo tempo a preferência é do ciclista. Sabe porque? Porque tem mais 4 ou 5 faixas preferenciais para pedestres. Eis que estou eu lá pedalando em uma velicidade razoavelmente alta e me deparo com uma jovem senhora dos seus 40 anos andando no sentindo contrário (já começou errada porque estava na contramão pois as faixas para bicicletas tem seus sentidos de circulação pitantos no chão). O esperado seria ela voltar pra uma das faixas para pedestres, afinal de contas elas estavam VAZIAS. Continuei mantendo meu ritmo, prestando atenção nela. Nada dela se mover lateralmente, só seguia em minha direção. Quando chegou num ponto em que achei sensato começar a tomar providências, diminuí meu ritmo, mas não mudei de faixa e fiquei encarando-a pra ver se ela se tocava. Pois então que ela continuo caminhando e quando estavamos próximos o suficiente, eu falei:

- Senhora, essa aqui é uma faixa para bicicletas, você deve caminhar nas outras aqui do lado.

      No que ela responde:

- Eu ando onde eu quiser e se você me machucar eu lhe processo!

      OI!?!? Eu dou um aviso para o bem dela e recebo uma pedrada dessa como retribuição? Depois disso comecei a desejar que algum ciclista tão educado quando ela voasse com uma roda nas costas dela e deixasse paraplégica. ¬¬

      Eu ainda me incomodo muito com essas atitudes sem consciência do povo de Aracaju. Em alguns momentos eu torço pra quem joga lixo no chão bater num caminhão de lixo e ficar soterrado por uma montanha de sacos plásticos. Ou quem anda na contramão, nas calçadas ou fura sinal vermelho colida com um poste e tenha um baita prejuízo financeira. E se você acha que sou uma pessoa ruim por isso, saiba que eu só penso nessas coisas. Nunca faço nada pra prejudicar os outros. Sou, sim, bem educado.

05 agosto 2011

Um pouco de cor

      A minha vida por aqui anda bem parada. Como que colorida em tons pastéis. Nada acontece e eu não faço muito esforço para acontecer. Essa semana, no entanto, aconteceu um fato novo. Algo colorido.

      Eu gosto de fotografia, mais precisamente de fotografar. Já investi um tanto dos meus recursos financeiros, do meu tempo e da minha paciência procurando melhorar minha técnica. Até aprendi por conta própria a editar minha imagens (não faço mágica, como algumas pessoas parecem fazer), reaproveitando várias fotos antigas que foram mal tiradas ou então feitas com equipamentos ruins. Fico contente com os resultados das minhas experiências, mais ainda quando as pessoas comentam dizendo que gostaram. Mas não me julgo nem me "sinto" fotógrafo. Seria um hobbie, um passatempo.

      O Banco do Estado de Sergipe (Banese) promoveu um concurso fotográfico em comemoração aos 50 anos de sua fundação, onde o tema era Sergipanidade. Para participar era preciso ter uma conta no Twitter e postar uma única foto com a seguinte legenda: "Sou como o @Banese50anos: sergipano
de corpo, alma e coração". A escolha seria feita por uma banca escolhida pelo próprio banco. De quando eu soube do concurso até o final do prazo para envio da imagem, fiquei me perguntando o que representa o povo do meu estado. Algo como a acarajé, a capoeira e o Olodum estão para a Bahia, a cuia de chimarrão lembra os gaúchos, etc. E não encontrei, mesmo tendo vivido meus quase 30 anos aqui.

      Não que sejamos um povo carente de identidade, apenas não temo O símbolo representativo em definitivo. A alguns anos atrás poderia ser o caranguejo, atualmente seria algo como os festejos juninos. Infelizmente passei os dois principais dias desse período viajando e só soube do concurso depois. Poderia fazer uma registro dos barcos de fogo de Estância, que é algo que acredito só existir aqui em Sergipe. Ou da guerra de espadas. Ainda assim não acho que seria o ideial.

      Como chovia quase todo fim de semana e durante os dias úteis a preguiça e a falta de tempo reinavam, comecei a pesquisar no meu arcevo de imagens. Fotografo (bem ou mal) desde 2004, então tenho muita coisa aqui guardada. Na hora de selecionar meu critério foi um só: simplesmente olhando para a foto, sem fazer análises técnicas, eu procuraria me identificar com o que tivesse ali registrado. A que me fizesse sentir isso mais forte seria a que enviaria.

      Dia 8 de julho (ainda não sabia da existência do concurso nesse dia) foi comemorado aniversário da emancipação política do estado, além da entrega do certificado de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade para a cidade de São Cristóvão (4º cidade mais antiga do Brasil e primeira capital de Sergipe), referente ao conjunto da Praça São Francisco de Assis. Como iam haver apresentações dos grupos folclóricos do estado, fui dar uma passada por lá. Gosto muito das apresentações e também de fotografá-los. E foi uma dessas fotos que resolvi enviar para o concurso.

      Nela está presente, para mim, o maior símbolo de representação do meu povo, aquele que todos olham e pensam "Isso aqui é coisa de Sergipe", tendo boas lembranças (pra quem nunca veio aqui, talvez sejam bons pensamentos para um futuro próximo). Eu, sendo sergipano e tendo vivido praticamente minha vida toda aqui, me senti contemplado. De alguma forma ela deveria valer a pena.

      E foi então que eu ganhei o concurso. Fiquei bastante alegre, o prêmio será uma viagem de um final de semana com tudo pago num hotel em Xingó, na beira do rio São Francisco. Me envergonho de dizer que nunca fui lá. Quem tiver curiosidade depois pesquise sobre fotos do Canyon de Xingó. O lugar é lindo e em breve eu estarei por lá. =D

      Mas além da alegria do prêmio em si também tem duas coisas que me deixaram muito feliz: a iniciativa do banco, já que somos carentes desse tipo de promoção social aqui no estado; e o fato do meu esforço para fotografar melhor ter rendido um novo fruto.

      Tem gente que me diz que eu deveria investir mais nisso pois levo jeito. Talvez eu faça isso um dia. Minha cunhada (que é blogueira do ramo de casamentos e afins) fez até uma postagem com algumas fotos minhas dando idéia de lugares para fazer fotos E-sessions (pessoas chiques fazem isso, para mim é álbum de noivos mesmo). No final ainda me parabenizou pelo concurso. Vocês podem ver esse merchan em família (eu faço propaganda do blog dela, ela faz divulgação das minhas fotos) aqui.

      Não sei se poderia estar fazendo isso, pois pelo edital do concurso eu faço a cessão dos direitos de propriedade da imagem para o banco, mas deixei para o final a foto que me fez sentir orgulhoso. De ser sergipano, de gostar de fotografia e de ter pessoas que gostam do que faço. Assim como me sinto orgulhoso de manter o blog e de saber que algumas pessoas leem e gostam.

02 agosto 2011

Reflexões


      "Olhando no espelho percebeu algo de estranho no próprio olhar. Um brilho que não costumava ver em si mesmo a muito tempo agora estava ali, refletido. Gastanto um pouco mais de tempo e atenção naquela imagem especular eu entendeu do que se tratava. O passado tinha vindo lhe visitar.

      Buscando fundo a origem daquele brilho encontrou lembranças a muito dadas como adormecidas fazendo uma festa. Como se comemorando o retorno de algo ou alguém, copos cheios de alegrias e gargalhadas, pratos de carinhos e afetos servidos quentes, recém saídos do forno. Tudo isso anda em falta na sua vida atual, vazia de significados, de abraços e de lembranças novas e boas. Faltava-lhe até metáforas e uma vida sem metáforas não pode ser chamada de vida.

      Projeções passaram pela sua retina como filmes. Longas metragens, curtas metragens, propagandas. Todas aquelas coisas vividas em tempos idos e revividas em sessões fora da programação. O bilheteiro e a platéia era uma pessoa só: ele mesmo. E o preço só será sabido na saída pois nenhuma lembraça retorna de graça. Sempre se paga algo por elas.

      Absorto pelas lembranças, ele foi, pouco a pouco, se afastando do espelho, esperando que isso fizesse tudo voltar ao normal. Então perdeu de vista o brilho no olhar. Voltou a ser o vazio que se tornara."