21 setembro 2011

"Na margem do São Francisco, nasceu a beleza..."


      Olá, pessoas! Estou aqui para contar um pouco do meu fim de semana: uma viagem a Canindé do São Francisco, município sergipano situado às margens do Velho Chico e onde também se situa a Hidrelétrica de Xingó. Esse passeio foi o prêmio que ganhei no concurso de fotografia que eu tinha comentado alguns posts atrás.

      E lá fomos eu e a Thati (é, eu tinha direito a levar alguém comigo) para esses dias de vida difícil. Na programação uma visita ao Museu de Xingó, um passeio de catamarã nos canyons do São Francisco, um almoço na beira do rio num restaurante flutuante e a noite livre. Apesar de pequeno o museu tem peças bem interessantes e uma lojinha com lembranças bem legais. Daí fomos pro passeio de catamarã e me deparo com o primeiro detalhe que perdurou o final de semana todo. Tempo nublado. Pô, todo mundo me colocou a maior pressão pra que eu fizesse fotos lindas e tal (afinal de contas eu ganhei um concurso de fotografia, não foi?), mas como, se não tinha uma boa iluminação? Tem outra coisa. Quem não fica morrendo de vontade de se jogar de cabeça num rio ou piscina quando está fazendo um sol de rachar? Pois então, quando fica nublado ou chovendo acontece o inverso.


      O segundo detalhe que foi fácil reparar por aquelas bandas é que venta MUITO, a ponto de ficar quase impossível conversar com uma pessoa do seu lado sem falar alto. Quem gosta de kite surf ia adorar aquilo lá.

      Sexta de noite estávamos com as pilhas meio descarregadas pelo fato de acordarmos cedo pra viajar e de ter nadado um tanto e comido bastante. Um café com torradas e simbora pro quarto. Amanhã é outro dia.


      A programação de sábado era livre. Como o hotel fica meio distante de tudo, ficamos por lá mesmo, numa vida de lordeza em volta da piscina. Caipirinha pra lá, caipirinha pra cá, depois do almoço resolvemos tentar chegar ao rio caminhando. Primeiro tentamos pela rodovia. Na metade do caminho desistimos. Tentamos pela cidade. Nada feito. Na volta ao hotel resolvemos perguntar a quem entende dessas coisas. Eis, então, que os porteiros do hotel dizem que tem uma trilha que sai do lado do cemitério que vai dar na prainha do rio. Hum, sei. Cemitério, né? E de lá dá pra pegar um barco pra conhecer Angico (local onde Lampião e mais alguns do seu bando foram mortos) e a cidade de Piranhas, que fica do lado alagoano do Velho Chico. Como não tínhamos mais horário pra isso no sábado, deixamos pro domingo de manhã.

      Pra dar uma animada no pessoal do hotel, a noite tivemos uma seresta em volta da piscina. Foi legal ver um monte de coroas rindo e dançando enquanto tomava um vinho pra dar conta do frio. Chovia uma pouco e ventava, o que não era um bom sinal para o passeio do outro dia.

      Acordamos cedo, tomamos café fomos atrás da trilha do cemitério. Não foi difícil de achar, mas ela até que era um tanto complicada de seguir, afinal ela é de barro e tinha chovido a noite toda. Então faça as contas e acrescente algumas pedras lisas e uma descida um pouco íngreme. Como somos habilidosos na arte de andar no mato (nada como o curso de biologia na universidade pra nos ajudar), ninguém caiu. Depois foi só pegar a pista, passar da cabeceira da ponte, andar mais um pouco numa estrada de barro (de novo) e pronto, chegamos no ponto de encontro com o barqueiro. Aqui queria deixar explícita minha satisfação em conhecer o Hugo e o Mateus, respectivamente pai e filho, que seriam os responsáveis pela nossa pequena viagem em direção a Angico. Como o resto do pessoal que iria participar do passeio, ficamos só eu, Thati e Mateus (o Hugo foi fazer qualquer outra coisa da vida dele). Muito gente fina o moleque, entende bastante do rio, das cidades, dos passarinhos e das pessoas da região. Chegando em Angico fizemos a pequena trilha até a Grota onde 11 dos 35 cangaceiros do bando Lampião foram mortos. Lá ficamos a cargo do Elias, guia mirim que trabalha com os grupos de turistas.

      Como sorte pouca é bobagem, no momento em que o Elias ia começar a explicar sobre a história do cangaço chegou um grupo de 3 pessoas. Eis então que se apresetam: rapaz, um senhor (cego, usando um chapéu de Lampião e pai do primeiro rapaz) e um segundo rapaz, que viria a ser João de Sousa Lima, estudioso do Cangaço e dono de uma coleção com mais de 1500 peças sobre o mesmo. Ele então falou um tanto sobre o que se passou e tirou algumas dúvidas do Elias (esse garoto ainda vai lonte nessa vida de estudar o que se passou no nordeste nos idos dos anos 20 e 30 do século passado). Descobrimos também que o senhor cego é carioca de Macaé, traduziu um dos livros do João para braile e estava indo com o filho e o João rumo o Crato, no Ceará, para uma convenção sobre o cangaço. E assim encontramos mais pessoas legais pelo caminho...

      Hora voltar, nosso tempo era curto e ainda tinhamos um bom pedaço de rio pra navegar contra a correntenza pra poder chegar no hotel, almoçar e não perder o transporte de volta pra casa. Passa uma prainha de areia. Passa outra. Mais uma... sabe de uma coisa? Para naquela ali na frente que eu vou tomar um banho nesse rio de novo. Banho tomado, todos no barcos e seguimos de volta. Teoricamente teríamos que fazer a caminhada de volta ao hotel quase que correndo, mas por sorte conseguimos uma carona na estrada e deu tempo de fazer o que era preciso sem pressa.


      Subimos na van que nos traria de volta pra vida. Pluguei minha fone de ouvido no celular e escutei umas músicas enquanto pensava no que tinha se passado. As músicas acabaram faz tempo, mas eu continuo pensando naquele rio.

13 setembro 2011

Sem surpresas

      "Cansado. Se sentia cansado de tudo. De todos. De nada acontecer quando deveria, da avalanche de coisas insignificantes que lhe sufocavam noite e dia.

      Diziam para ele (a vida dos outros sempre é mais fácil) fazer algo diferente ou então as mesmas coisas de sempre mas de uma forma distinta. Nunca entendeu bem esse tipo de conselho, não parecia muito lógico que mudar a forma de fazer algo rotineiro causasse algum tipo de melhora. Resolveu tentar.

      Livros. Sempre foi um desejo velado da sua alma gostar de ler livros. Todos que lêem muitos livros são inteligente, assim pensava. Sempre admirou os livros, no entanto os via como algo inalcançável. Lera poucos até então, gostara de quase nenhum. Dessa vez faria diferente. Talvez desse certo.

      Foi a livraria. Começou a percorrer os corredores, olhando as prateleiras. Descartou todos os clássicos e também os mais vendidos. Não queria um livro comentado, que várias pessoas já tivessem indicado. Queria explorar o desconhecido, algo que o tirasse da mesmice. Procurou um livro que, ao olhar para a sua capa, o deixasse desconfortável, incomodado.


      Se deu por satisfeito quando encontrou um livro meio amassado numa pratileira que não era pra estar. Sinal de que vagava a um bom tempo de um lado para outro sendo renegado ao esquecimento. Provavelmente nem a distribuidora aceitou como devolução.

      Começou a ler o livro pela capa do fundo. Depois partiu do final do livro para o começo, invertendo a ordem natural das coisas. Não fez diferença alguma, continuou a não gostar de ler. Jogou o livro fora.

      Ao menos ele provou sua teoria: depois de tantos anos se conhecendo como ninguém poderia conhecê-lo, ele sabe que sua alegria está nas coisas de sempre, mesmo que de vez enquando elas pareçam diferente."

08 setembro 2011

Algo que esqueci pelo caminho.

      A cada dia que passa me pergunto porque não consigo escrever, porque não consigo gostar das músicas que ouço, do porque eu achar que nada muda. Talvez eu tenha encontrado a resposta. Quem sabe a porta de saída desse calabouço.

      Sentimentos. Emoções. Sensações. É de tanto não sentir que eu estagnei. Faltam-me as pequenas aflições e as grandes alegrias. O palpitar inconstante do coração. As borboletas no estômago, o frio na barriga, o calafrio. Fugiram todos.

      Queria eu ter um bom motivo pra sorrir todo dia ao acordar. Algo que me fizesse querer fazer o dia passar mais rápido e então, quando encontrasse o que esperava, torcesse pro tempo parar. Que me fizesse ficar ligeiramente triste por ter que me despedir, já pensando no dia sequinte.

      As músicas que ouço já não me transformam mais, perderam a melodia, nem carregam consigo as poesias. Acordes surdos alcançam meu ouvido e se perdem no vácuo da minha mente.

      Nem livros eu leio mais. Amontoados de letras sem sentidos, sem ter porque nem razão. Não mais representam novos mundos a serem vividos, daqueles que me fazem esquecer desse mundo em que vivo.

~      Eu esqueci o que é paixão.