22 julho 2011

Os poderes

Eu poderia
na calada da noite, ao som da escuridão
desmerecer toda a história vã
que eu tenho contado ao mundo
um ato de coragem, de rebeldia, de cinismo
contra tudo aquilo que eu ainda acredito
(ou penso acreditar).

Eu poderia
dizer o que penso, o que sinto, o que sonho
mas eu não sonho
então não digo.
Desejo o que não posso esperar
espero pelo que pode nunca chegar
(e não chega nunca mesmo)
chegando a conclusão que não há.
o pensar, o sentir e o sonhar
não passam de maneiras sutis
de fugir de onde não há como escapar.

Eu poderia
no auge da minha agonia começar uma dança
mas eu ando tão sem graça
que a tristeza nem disfarça
a alegria de me encontrar
e me escolher como par
pra uma valsa.

Eu que poderia...
me descobri não podendo
não querendo
e nem sendo.
Só vendo.
Sofrendo.

Eu já não podia.

21 julho 2011

Inverno na alma

      A noite tenho sentido frio. Um frio que não é normal por aqui. Não sei se é o frio que vem de fora ou se é o inverno do meu coração. Parece o frio de quando estive perto de você sem, no entanto, te encontrar. Tenho certeza que nenhum frio seria igual ao frio que te toca quando faz frio.

      Esses dias tenho estado distante, fechado, doente. Entre causas e culpados, não se salva nem o passarinho que canta todo dia na minha janela. Ele não precisa esfregar a felicidade e liberdade a plenos pulmões antes da 7h da manhã. Me deixa ao menos pensar nos meus problemas em paz.

      Há o peso na balança. Há o peso dos fatos, dos atos. E há o insuportável peso dos dias passando. Quando penso no peso que terei carregado quando todos os dias passarem me pego desistindo. Do peso. Do tempo. Do mundo.

11 julho 2011

Se faltar a paz... Minas Gerais


      Eu pensei em escrever um relato da minha viagem a BH, a alguns dias atrás. Escrevi, apaguei, pensei, desisti, comecei de novo. Apesar de ter mais de 15 dias que voltei, algumas coisas ainda precisam ser assumiladas. O que aconteceu, o que poderia acontecer e o que não aconteceu.


      Dessa vez nada de cachaça, pão de queijo, café ou frio. Nada de trilhas, reuniões políticas, noites acordadas trabalhando. Se antes tudo era novidade, agora tinha um pouco de "mais do mesmo".

      Se nem tudo foi como o esperado, o inesperado também foi importante. Queria ter aproveitado mais, curtido mais, me chateado menos. Fotos foram poucas, conversas foram muitas. Ficou um gosto de quero mais.


      Parque Municipal, Praça da Liberdade, UFMG, Mercado Municipal, Savassi, Feira dos hippies, Lagoa da Pampulha (se arrependimento por não carregar uma câmera matasse...). Lugares não foram muitos. A vontade de voltar e conhecer o que faltou é enorme.

      Trago comigo a saudade e a lembrança de um céu riscado por aviões. Algum dia serei eu a trilhar meu caminho pelo céu de BH. Não sei quando volto lá, só espero que seja em breve e que não seja breve.

03 julho 2011

De parabéns! \o/

      Faltam poucos minutos para às 5h da manhã desse dia 03-07-2011. Não faltam mais nada para esse blog completar 5 anos de vida. Um parabéns a ele. Um orgulho para mim.

      Nunca imaginei que ao escrever a primeira postagem eu estaria aqui, após 5 invernos, escrevendo mais um texto. O blog mudou muito nesse tempo. Eu também. Cada vez mais vamos nos entendemos melhor.

      Não vou novamente falar da ladainha de que esse peçado de mim é importante, pois isso eu já fiz algumas vezes e não precisa ser repetido. Talvez o que eu tenha me dado conta só a pouco tempo seja o fato de que não fico mais empolgado ou me sentindo obrigado a escrever o que quer que seja por aqui. Se isso fez com que o número de postagem tenha diminuído, também fez com que eu perceba que o blog já está consolidado como parte da minha rotina. Hoje percebo que o apreço que tenho por ele não é mais uma paixão, dessas arrebatadoras, que chegam, mudam tudo e depois somem sem deixar saudade. Definitivamente não somos assim. É mais um caso de amor amadurecido, testado pelo tempo. Não se extinguirá com a próxima crise da relação. E elas não foram poucos, nem muito menos não acontecerão novamente.

      Pensei em fazer várias coisas por causa dessa data, mas acabei deixando tudo para lá. Não por achar que esse blog não mereça. Se pudesse eu faria sorteios, promoções e tudo mais que me fosse possível. Mas pensando bem o melhor presente que posso dar a ele (e a mim também) é continuar escrevendo. Já quem lê pode continuar acompanhando e, vez ou outra, comentando.

      Assim ele nasceu, cresceu e começou a caminhar por conta própria. Não preciso mais ficar me cobrando escrever algo com frequencia. Farei isso quando for prazeroso. Não sei se tanto para os que estão do outro lado (vocês que gastam suas vistas e seus tempos comigo), mas para mim é uma forma particular de alegria clicar no botão "Publicar Postagem" que fica aqui embaixo da tela de escrita.

      Agradeço aqui a tod@s que de alguma forma ajudaram a manter esse espaço. Idéias, histórias, comentários, incentivos. Continuemos todos a fazer as nossas partes, quem sabe não teremos mais 5 anos pela frente? ;)

      Tive pouco tempo para preparar qualquer coisa que fosse para esse momento especial, mas não deixarei passar em branco. Ao longo desse mês de Julho tentarei fazer mais algumas homenagens ao meu tão querido diá... quer dizer, blog. Quem sabe talvez até presentear alguém com uma edição impressa dos textos que mais gostei de escrever? Aguardem e torçam para que eu tenha tempo e disposição para isso.

      "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Então que "A vida em algumas linhas" não tenha um ponto final tão cedo. E que venham mais 5 anos.