13 setembro 2011

Sem surpresas

      "Cansado. Se sentia cansado de tudo. De todos. De nada acontecer quando deveria, da avalanche de coisas insignificantes que lhe sufocavam noite e dia.

      Diziam para ele (a vida dos outros sempre é mais fácil) fazer algo diferente ou então as mesmas coisas de sempre mas de uma forma distinta. Nunca entendeu bem esse tipo de conselho, não parecia muito lógico que mudar a forma de fazer algo rotineiro causasse algum tipo de melhora. Resolveu tentar.

      Livros. Sempre foi um desejo velado da sua alma gostar de ler livros. Todos que lêem muitos livros são inteligente, assim pensava. Sempre admirou os livros, no entanto os via como algo inalcançável. Lera poucos até então, gostara de quase nenhum. Dessa vez faria diferente. Talvez desse certo.

      Foi a livraria. Começou a percorrer os corredores, olhando as prateleiras. Descartou todos os clássicos e também os mais vendidos. Não queria um livro comentado, que várias pessoas já tivessem indicado. Queria explorar o desconhecido, algo que o tirasse da mesmice. Procurou um livro que, ao olhar para a sua capa, o deixasse desconfortável, incomodado.


      Se deu por satisfeito quando encontrou um livro meio amassado numa pratileira que não era pra estar. Sinal de que vagava a um bom tempo de um lado para outro sendo renegado ao esquecimento. Provavelmente nem a distribuidora aceitou como devolução.

      Começou a ler o livro pela capa do fundo. Depois partiu do final do livro para o começo, invertendo a ordem natural das coisas. Não fez diferença alguma, continuou a não gostar de ler. Jogou o livro fora.

      Ao menos ele provou sua teoria: depois de tantos anos se conhecendo como ninguém poderia conhecê-lo, ele sabe que sua alegria está nas coisas de sempre, mesmo que de vez enquando elas pareçam diferente."

Um comentário:

Vanessa Souza disse...

Sumidoooooooooooooooooooooooo!

=____(