na calada da noite, ao som da escuridão
desmerecer toda a história vã
que eu tenho contado ao mundo
um ato de coragem, de rebeldia, de cinismo
contra tudo aquilo que eu ainda acredito
(ou penso acreditar).
Eu poderia
dizer o que penso, o que sinto, o que sonho
mas eu não sonho
então não digo.
Desejo o que não posso esperar
espero pelo que pode nunca chegar
(e não chega nunca mesmo)
chegando a conclusão que não há.
o pensar, o sentir e o sonhar
não passam de maneiras sutis
de fugir de onde não há como escapar.
Eu poderia
no auge da minha agonia começar uma dança
mas eu ando tão sem graça
que a tristeza nem disfarça
a alegria de me encontrar
e me escolher como par
pra uma valsa.
Eu que poderia...
me descobri não podendo
não querendo
e nem sendo.
Só vendo.
Sofrendo.
Eu já não podia.