30 maio 2011

Sobre amar

- Oi!
- Oi!
- Vim o mais rápido que pude. Como você tá?
- Agora eu estou bem, acho até que estou feliz.
- É mesmo? Porque?
- Bem, descobri que não quero mais te amar.
- Mas porque?? Eu gostava tando de você me amando! E você também parecia gostar!
- É eu gostava, mas comecei a perceber que estava me fazendo mal.
- De que forma o amor lhe fazia mal? Amar pra mim é algo tão legal.
- Eu acho que te amo demais e isso faz com que eu me ame de menos.
- Então me ame menos e se ame mais, assim continuamos os dois se amando.
- Você já ouviu falar de coração que aprende a amar menos depois que já provou o sabor de amar muito? Eu não conheço. Só resta deixar de amar.
- Poxa, mas o amor da gente era tão bonito. Como eu vou ficar agora? Amando só?
- Não sei. Não pensei nisso.
- Amar só não é bom. Machuca e depois cicatriza, pra machucar novamente logo mais na frente e então cicatriza de novo. É uma ferida que nunca sara.
- Mas ainda é amor, não foi você quem disse que amor é legal?
- Sim, é amor, porém um amor feio. Você conhece algum coração que depois de ter contemplado a beleza de um amor vai se contentar com a feiura desse mesmo amor? Eu não conheço.
- É, acho que você tem razão.
- O que faremos agora?
- Acho melhor você deixar de me amar também.
- Anda tendo tão pouco amor pelo mundo, porque temos que acabar com dois (ou seriam três: o de um, o do outro e o dos dois)?
- Seu continuar te amando vou acabar deixando de me amar, o que vai fazer com que meu amor acabe. Sem amor próprio eu também não terei como te amar, logo sem seguida o seu amor por mim também acabará. Melhor não nos amarmos agora que podemos evitar o pior.
- E porque não podemos apostar no amor? Ele pode mudar, podemos fazer com que ele seja bom para nós dois. Prefiro arriscar deixar que um amor morra naturalmente porque ele não tinha mais o que amar que matar um amor por puro exercício de futurologia!
- Talvez você tenha razão, o que por si só é estranho, porque o amor não é racional.
- Estranho é você dizer isso! Quem começou com isso de racionalizar o amor foi você!!
- Sabe de uma coisa? Esqueça tudo... eu te amo!!
- Pois agora sou eu quem não te ama mais!!
- Mas porque?!?!?
- Não quero alguém que vê o amor como uma massinha de modelar, que o pega nas mãos e o transforma a seu bel prazer. Quero alguém que veja o amor como um vento: livre e leve, mas ainda assim capaz de pouco a pouco carregar uma montanha. Adeus.

29 maio 2011

Moça

Ah menina moça
você chegou fazendo graça em minha vida
sem pedir licença atravessou o meu caminho
foi se aninhando em meu pensar
cada dia, um graveto
sorrisos, olhares, afetos
fazendo sonhar um coração.

Ah menina moça
você chegou trazendo cor e alegria
e sem dizer porque se colocou em meu destino
agora o que faço?
O pensamento viaja a sua procura
sem te achar onde alcanço
te amando em segredo.

Ah menina moça
você chegou iluminando a tarde
o vento da praia carinhando o seu corpo
inseguro, não sei se te chamo
ou se te amo em silêncio
Um sorrisso seu e tudo muda
o mundo não é mais o mesmo.

Ah moça
agora que te tenho comigo
deixa o tempo passar arrastado
enquando meu colo é sua morada
meus carinhos se embolam na suas risadas
antes de ti eu sentia falta de tudo
agora não preciso de mais nada.

23 maio 2011

Ciclo

O dia acorda, a vida começa
cama, banheiro e mesa
lava, varre, arruma
não precisa ter pressa
porque o dia só tem graça
depois que ela chega.

Estudo, lanche, rotina
almoço, corre, é hora!
mas antes do trabalho
fica tudo mais lindo
eu vejo ela chegar
e me vou sorrido

A tarde passa voando
digita, deleta, imprime
organiza, encaderna e guarda
deu a hora de ir para casa!
Pelo caminho nela vou pensando
Por isso volto sorrindo

Vento frio, lua, estrelas
banho, janta, chuva
Não temos muito tempo
(ele nos enfrenta, inimigo)
a noite acaba na exata hora
que não tenho mais você comigo.

20 maio 2011

A dois*


      "A Lua é conhecedora de muitos segredos. À noite, enquanto ela passeia pelo céu enfeitada de estrelas, observa o que se passa aqui embaixo.

      Era noite de chuva e fazia frio. Dona Lua procurou pelo que há de melhor nessas horas: casais. Algo de instintivo ainda corre nas veias humanas que faz com que se aproveitem das horas de frio, deixando o sangue esquentar e os desejos fluirem. A Lua sabia disso.

      Começou a observar cada praça, cada praia, cada carro. Encontrou uma janela aberta, com uma fraca luz de vela iluminando duas pessoas deitadas numa cama, conversando descontraidamente enquanto se estudavam, se encaravam e se entregavam. Uma garrafa de vinho já tinha esquentado os sentidos, músicas insinuantes preenchiam o até serem evaporadas pelo calor dos corpos. Mas ainda não chegou a hora disso acontecer.

      Fingindo inocência, ela pede uma massagem. Fingindo bondade, ele atende ao pedido. Fingindo não ser nada demais, os dois vão se envolvendo com o clima. A Lua decide que seria ali que ficaria esta noite, pouco se importanto com o tempo. Afinal de contas o sol só sairia quando ela voltasse pra casa.

      Um pouco de óleo de massagem, mãos hábeis, costas nuas. "Delicate" tocando ao fundo. A cada palmo de pele tocado o fingimento ia se dispersando. A chuva caia lá fora, o vento frio invadia o quarto mas o calor só aumentava. Pouco a pouco as peças de roupas iam sendo tiradas, enquanto os corpos iam se aproximando. A barba roçando o pescoço causava arrepios nelas. As mãos delicadas tateando a coxa aumentava o tesão dele. Então os olhares se cruzam bem próximos, ao alcance dos lábios. Um beijo. Duas línguas. 5 sentidos trabalhando a todo vapor.

      No desencontro das bocas, ele começa a morder levemente as costas dela, descendo até o cóccix, deixando-a mais arrepiada ainda e ansiosa pelo que viria depois. Era hora de sentir e ser sentida. Extravasar o desejo contigo. Ela se liberta das amarras que o desconhecimento poderia, ainda, lhe ocasionar. Era livre para se entregar.

      Invertendo o comando, passou ela a fazer carícias nele. As mãos explorando o corpo masculino, até então intocado e inalcançável; os olhos atentos aos efeitos dos carinhos. Respirava ela colada a orelha dele, que vez por outra escutava sussurros impublicáveis. Mordidas também foram distribuídas por ela até chegar a boca alheia, quando então ficaram os dois frente a frente, ela sentada no colo dele. Trocaram um beijo molhado e ardente, as mãos leves e de dedos finos por sobre o peito, a vontade aumentando.

      Ela calculadamente para com as carícias, restando somente suas unhas marcando os braços do rapaz. O encara, provocante. Como resposta se vê em segundos deitada na cama, ele por cima. Como um lutador, segura-a pelas mãos e pesa o resto do corpo sobre a cintura. Ela não tem como sair. Aquilo provoca um aumento na excitação dela, ao mesmo tempo que ele morde sua boca. Então se vê encarando a parte mais protuberando dos seios dela, pronto para serem mordiscados e lambidos, cada um a seu tempo.

      Outro beijo acontece, invertem-se as posições, aumenta a temperatura. As mãos se juntam, se cruzam e descem até a cintura da garota, a diferença entre as temperaturas mostrando aos dois que havia muito a ser explorado, sem tempo a perder, sem hora para acabar. A cintura dela pressionando o volume crescente da cintura dele, mãos sendo amarradas, mais beijos e mordidas, uma boca chegando ao limite do sexo. Ela se toca para ele. Ele se livra dos nós, abraça-a e lhe arranha as costas. Joga-a de bruços na cama, agora sendo ela a amarrá-la, calculadamente deixando as mãos delas próximo à virilha, por baixo do dois corpos fumegantes. A barba agora estava arranhando a parte de trás da coxa dela, subindo até encontrar as mãos dela, que se masturbava intensamente. Ele invade-a com língua, os gemidos dela abafados pelo travesseiro, os gemidos deles abafados por lábios vaginais molhados e convidativos. Sorvido por ele parte do desejo que escorria por entre as pernas dela, as bocas voltam a se encontrar, os corpos mudam de posição, ela retribui a chupada, ele cada vez não se contem e a coloca por cima, penetrando aquela vagina apertada. A movimentação acontecia pouco a pouco, em busca do ritmo que levariam os dois ao ápice do prazer; ela rebolava cada vez mais vigorosamente, ele apertava-a pela bunda, puxando em diração a si. Ela fica por baixo, cruzando as pernas por trás das costas dele, ele enfiando com cada vez mais vontade e tesão. Ela gemendo sem pudores, arranhando qualquer parte do corpo dele que pudesse alcançar, massageando e apertando os próprios mamilos. Pela última vez ela fica por sobre ele, somente a tempo de sentir o gozar dele por dentro de si, o que desencadeia o gozar dela. Os dois, fracos, ofegantes, abraçados, fora de sintonia com o mundo, completamente sincronizados um com o outro, aos poucos vão recobrando os sentidos. Ele alisa o cabelo e as costas dela, ela lhe dá um beijo carinhoso e um abraço apertado. Ele é o homem mais realizado do mundo; ela pressentia que passaria dias abismada com aquilo. Os dois descansam.

      A Lua, invejosa e satisfeita do que viu decide que é hora do dia nascer. Manda uma estrelha acordar o sol e avisar que ela está voltando pra casa e ele tem que trabalhar. Então anota no seu caderno de segredos o que presenciou, mesmo sabendo que somente ela, além do casal, entenderia o que se passou naquela noite fria e chuvosa...


* Texto escrito, de certa forma, a 4 mãos. =D

09 maio 2011

Toque do passado

      Dia 03 de julho deste corrente ano haverá uma festa. Provavelmente só comigo mesmo. Meu blog completará 5 anos.

      Como presente pra ele (e, logo, para mim também) vou finalmente catalogar todas as postagens. Assim vou poder indicar as linhas que mais gostei de publicar aqui, reler o que escrevi e reencontrar velhos blogs já lidos. Essa é uma das coisas boas de receber comentários. =D

      Talvez eu pense em algum tipo de promoção, brinde ou o escambal, mas ficaria imensamente feliz se vocês que de alguma forma leram meus escritos e por ventura os acharam válidos para algo (mesmo que seja para dizer que são ruins) também deveriam pensar em algo. Comentários, textos para serem publicados aqui a partir do dia 01 de junho, fotos, vídeos. Fiquem a vontade.

      Ao poucos eu vou pensando melhor nisso tudo.

05 maio 2011

Realismo fantástico


      De vez em sempre recebo perguntas sobre o que escrevo aqui. Se um determinado texto é sobre alguém, se determinado fato é real e até mesmo se eu faço plágio de escritos menos conhecidos. Acho engraçado. Engraçado ao ponto de me divertir com esse tipo de dúvida. É da minha natureza rir do mundo. Como muitos me chamam, sou um bobo.

      Tudo que um dia foi postado aqui sou EU, com direito a caixa alta. Não necessariamente criado por mim, mas contextualizado, digerido e exposto ao meu modo de sentir e viver a minha vida. A tudo cabe interpretações pessoais e esse blog aqui é quase o ápice do que minha pessoa é capaz e se permite (precisaria de muito mais que palavras e fotos para chegar ao meu máximo e isso ainda não é possível por uma conexão e um computador). Tudo que eu crio é meu, com suas fantasias e veracidades, só fazendo completo sentido aos meus olhos e interpretações. Aos outros olhos de quem lê, pode significar muita coisa, inclusive nada. Se algum dia eu pensar em tornar-me escritor profissional talvez me preocupe mais com as diversas possibilidades de leitura dos meus textos. Por enquanto preocupo-me apenas em reconhecer-me nas minhas leituras posteriores. Sempre me encontro.

      O que por ventura for de outros autores é devidamente creditado, no geral no final do post, porém só estão aqui porque eu de alguma maneira achei que era válido.

      Mas o que é fantasia? O que de fato aconteceu e veio parar aqui? Resposta cult e/ou filosófica a parte, tudo e nada. As percentagens de cada ingrediente são aleatórias e ficam ao meu gosto. Mesmo que eu relatasse tudo da forma mais fria e direta possível não diria que seria A realidade. Seria, somente, a minha realidade. Outras pessoas que fizessem parte dos acontecimentos teriam opiniões e interpretações diferentes da minha. Não me atreveria a dizer que estão certos ou errados.

      Então qualquer pessoa pode se reconhecer nessas linhas. Eu me reconheço em tanta coisa que não foi feita por mim e me aproprio daquilo como parte irrevogável do meu ser e sentir. Não me importo se só faz sentido para mim, não vim trazer sentido ao mundo.

      Cada vez que encontro alguém que é capaz de sentir as mesmas coisas que eu em determinado momento me sinto maior. Agora aquela sensação daquela pessoa me pertence e as minhas pertencem a ela. Continuamos sendo únicos e ao mesmo tempo passamos a ser um só. Não conseguiu entender? Leia de novo a última frase do páragrafo anterior e já terá sua resposta.