Eu gosto do seu corpo
do cheiro, da textura, da cor
das curvas, das dobras,
do arrepio que ele tem quando
minha boca morde seu pescoço
meus dedos deslizam em suas costas
meu corpo toca o seu.
Gosto do calor
da pele,
dos pelos,
das suas pernas.
Gosto de estar entrelaçados a elas.
Gosto dos vários sabores:
os de fora,
que exalam e entorpecem;
o de dentro
que quando me sirvo
e sorvo,
me embebeda.
Gosto do gosto.
Eu gosto.
E pronto.
30 maio 2010
Questão de gosto
27 maio 2010
25 maio 2010
Influenza negativa
Desde sexta estou gripado. Não tive febre, nem dor no corpo. Já a moleza, a congestão, a dor de cabeça, essas deram sinal de vida desde os primeiros instantes. Isso tudo tem feito minha disposição chegar próximo a zero.
E isso me impede de tanta coisa. De escrever, de pedalar, de correr, de gritar. De viver.
Não tem chá de limão, cebola e alho (acrescido de canela, cravo, hortelã) que cure essa malemolência. Preciso de algo que cure a alma.
22 maio 2010
E lá se foi um pedaço de mim...
O dia de hoje amanheceu mais triste pra mim. Depois de anos e anos de convivência (tantos que nem importa exatamente quantos foram), o poodle daqui de casa pôde descansar de vez. E tenho certeza que vai para o céu dos cachorros.
Já algum tempo que ele vinha tendo problemas de saúde devido a idade avançada e ainda assim resistiu bravamente ao tempo. Nos últimos tempos ele deixou de caminhar e passou a se arrastar. Nos últimos dias, nem isso, precisava ser carregado. Perdeu peso rápido e parou de comer. Deve ter cansado da vida.
Fiquei com a incubência de enterrá-lo e acho que o fiz da melhor maneira possível. Apesar de já não ir muito, ele adorava praia. Agora ele vai ficar bem pertinho dela durante muito tempo. Fica em paz, Joy.
19 maio 2010
Receita da vovó
3 medidas de farinha láctea
1 medida de chocolate em pó
2 medidas de Mucilon
1 medida de Neston
Modo de preparo:
Misture tudo em alguma vasilha funda. Pode comer assim mesmo ou com um pouco de água, para embolotar. Bon appetit!
Época boa, de tranquilidades e meninices. Jogar futebol na rua, querer ter um video-game, brincar com o povo da rua. Mas o tempo passa e temos que enterrar tudo isso.
E, vez por outra, brincar com os mortos. =D
17 maio 2010
Like a million parachutes
Cai a chuva lá fora
milhões de paraquedas
cada gota a me lembrar de você*
Seria saudade, seria desejo?
Não sei...
Se dobrássemos o tempo
juntando as duas pontas da nossa história
o presente e o passado emparelhados.
De onde demos o primeiro beijo
até onde deixamos de ser
Nós
pra nos tornarmos eu e você.
Daquele banco, a visão de um casal
Veríamos as mãos dadas
os passos na areia molhada
os sorrisos e os abraços
e cada uma das nossas lágrimas.
E havia chuva. A promessa.
Meu corpo, seu corpo
um só
separados por nós mesmos
enfim.
Mas não o fim.
Olhando pra trás,
nossos últimos passos
nossas marcas,
o mar se encarregará de guardar.
Nunca serão apagadas.
Um ciclo termina
para outro começar.
O final não se explica
nem se pode mudar
eu só tenho a certeza
de contigo ir a qualquer lugar.
14 maio 2010
Coisas que perdemos pelo caminho
Ontem eu descobri como é perder alguém. Ontem eu senti como é um pedaço de você, do seu próprio ser, se desprender pra sempre. O tipo de coisa que duvido que até o tempo cure.
O tempo todo eu tentei lhe* proteger. Você* também me pedia isso. Fui até as últimas consequências por você*. E no dia que falhei, no dia que errei, você* me diz que eu mereço sofrer. Como se não bastasse o que já sofri pelo seus erros. E ficamos assim: eu sofro pelo que fiz uma vez. Uma ÚNICA vez.
Me reclamou tanto que eu era quase um robô, que não tinha sentimentos. Que eu não me abria com você. E quando faço isso, mereço sofrer. Muito justo, vou cumprir minha pena. E espero que você aprecie bastante seu prêmio, seja ele qual for.
Agora eu posso ser mais livre, mais leve. Nunca deixei de ser eu, mas posso me desfazer dessa armadura de cavaleiro que vestia por você. Voltei a ser, simplesmente, eu.
Um eu com o qual você não está acostumada. Um eu que, ao invés de lhe colocar acima de tudo, vai te colocar onde você deve ficar.
Não neguei pra você, em momento algum, que errei. Eu sei disso. Fiz isso pra lhe proteger, mas agora você não precisa mais da minha proteção. E só eu tenho que carregar o peso da condenação moral. Como você falou "De mim você espera essas coisas. Mas de você... eu não esperava isso". Meu problema foi ter sido muito certo com você. E é isso que você me diz que foi jogado fora.
Então façamos assim: vamos nos julgas pelos nossos erros. E cada que carregue a pena que merece.
09 maio 2010
Vanilla Sky
Era pra ser um filme comun. Desses que se vê normalmente. Mas esse não era um filme comum. Era daqueles que dão problema e não conseguimos terminar de assistir. Então resolvemos conversar.
Era pra ser uma conversa normal. Dessas que duas pessoas conversam sem pensar. Mas conversas normais não são com a gente. Conversa vai, conversa vem, resolvemos escutar música.
Eram pra serem músicas normais. Dessas que as pessoas escutam o tempo todo, mas as músicas só são normais para pessoas normais. E nós não somos assim... normais. E as músicas foram tomando conta da gente.
No mesmo chão onde morri, eu renasci. Com todo ardor que a vida é capaz, os momentos foram se desenrolando para logo depois se encaixarem. Pernas, braços, mãos, bocas. Uma profusão de sensações, perfumadas de baunilha. Fomos até onde nossa vontade permitiu, e ela não era pouca. Fomos até onde nossos desejos alcançaram, e eles foram longe. E nem de perto chegamos onde poderíamos chegar.
Entre uma canção e outra, entre um momento e outro, fomos no permitindo, fomos nos contendo. E lembro de uma refrão: "What's simples is true". Sejamos simples para que sejamos, sempre, verdadeiros..."
05 maio 2010
O telefone tocou novamente...
04 maio 2010
Uma escolha
"Tinha uma grande decisão adiante: para onde iria sua vida? A decisão era dele. Não poderia culpar as cirscuntâncias ou a pressão dos colegas. Era dono de si, e inteligente o bastante para perceber isso."
Não é o tipo de mudança que se percebe quando se acorda ou quando se dá uma topada. É algo gradual e imperceptível que quando acumulado se transforma numa montanha. E fui eu quem criou a montanha. Agora sou eu quem tenho que dar cabo dela.
Sei que apatia não é algo fácil de se vencer, principalmente sem um estímulo novo e duradouro o suficiente para dar uma guinada. Mas cansei da minha vida como está. Vou correr atrás do que é meu.
Quero dormir hoje e acordar diferente. Mais disposto. Mais ativo. Enfim, mais vivo. Nada como uma boa morte para dar valor a vida.
02 maio 2010
Lírios d'água*
Era pra ser um filme comum. Desses que se vê normalmente. Mas esse não era um filme comum. Era francês, arrastado e meio chato. Só que uma cena fez valer o filme. E mudou a noite.
A cena era pra ser uma cena comum. Dessas que tem em todo filme e ninguém presta atenção. Falava de morte. Tetos. E do que fotografamos na retina no instante em que morremos.
Deitados no chão frio de uma noite comum, conversávamos sobre alguma coisa comum. Dessas que pessoas comuns conversam. Mas não éramos comuns. Eramos nós dois. E eu podia esperar tudo quando estamos juntos. Até um nada.
E então perguntei o que ela queria fotografar na retina quando morresse. Ela não queria tetos. Queria um céu estrelado, com lua cheia. Num lugar que a deixasse em paz.
O que você gostaria de estar ouvindo? A não sei. Acho que "Lara's Castle". Pere, tenho aqui no meu Ipod. Ei, vamos morrer juntos?
Claro, vamos. (Com ela eu iria a qualquer lugar.)
Então deitamos no chão frio. A noite fria. Uma coruja no fio, lá fora na rua, nos observava. Fechamos os olhos e cada um viajou na sua imaginação da morte. E a voz da morte era suave, sublime. Enquanto imaginava o que fotografia, senti um toque. Não era frio como a morte. Era tenro, aconchegante. Então a música acabou.
Aos poucos fui abrindo os olhos, voltando da minha morte. E ainda sentia aquele toque em minha mão. Olhei para o lado e a vi ainda imaginando sua morte e desejando poder entrar na imaginação. Fiquei admirando-a enquanto "morta". E vi aquilo era muito mais que imaginar. Era vida.
Uma noite comum. Tinha tudo para ser uma noite comum. Mas quem vive de noites comuns já está morto. E nós não somos nem um pouco comuns..."
A queda e o vôo
No fim, haverá a dor e o desespero.
Mas algo eu aprendi sofrendo:
É a queda que me faz ter,
por um breve momento,
a oportunidade de ser livre.
E de voar...
Eu
Eu vivo o passo
o traço
a hora
a chegada
a partida
a hora
do se por
e da aurora.
Eu torço o tempo
a linha e o vento
o modo e o ponto
o ontem e o agora
a todo momento
Eu guardo em mim
o começo
o meio
o fim.