03 junho 2011

Basta um sopro


      Era belo! Dos mais vistosos, diriam alguns. Incontrolável, diriam outros. De qualquer forma, dava gosto vê-lo no ar, brilhante, vermelho. Vivo. Mas não souberam cuidar de ti. Sem quem o mativesse, foi perdendo a razão de ser. Definhou. Vazio, murcho. Quase um vácuo. E de que me serve assim? Qual a alegria de não poder voar quando se foi feito pra viver nas nuvens? Esse cordão que antes segurava, agora pendura. Se for pra ser assim, eu quero mais é que exploda, por não suportar a pressão do que pulsa por dentro! A asfixia da vida sem par, colabado que está, não se permite novos ares. É preciso força para romper a resistência do estar não-contendo. Quase sempre uma solidão oca. Não há beleza na forma amorfa e sem vida. Nem por fora, nem por dentro. Por fim, a degradação. Furos, rasgos. De "não-usado" passou a "imprestável". Melhor desistir do céu azul, o seu futuro à terra fria pertece.

      Mas nada precisa ser desse jeito! Enquanto é tempo, basta uma breve lufada de esperança, quente e leve. Depois, sopros e sopros de ternura, de carinho. Inflado, vai tomando forma e cor. Já não penderá sobre o duro frio do chão. Com os cuidados que a entrega e atenção permitem, será capaz de voar, de sentir. De sonhar. É, coração, talvez você ainda ainda tem salvação.

3 comentários:

Thamires Figueiredo disse...

e tem mesmo! :*

Carol disse...

vc pode nao estar apaixonado por ninguem, mas é apaixonado pelo amor. Coração bobo, coração bola... a gnt se ilude dizendo que já não há mais coração.
beijocas

Rocio disse...

Que belas palavras, a verdade é sempre um prazer estar vendo essas coisas na internet, espero que em algum momento pode ter a sorte de escrever este tipo de coisa, o restaurante talvez em algum lugar tranquilo ou a figueira rubaiyat