Para quem não sabe, os Correios estão com uma campanha para ajudar crianças pobres: você vai a uma agência, escolhe uma ou mais cartas enviadas pelas crinças, compra os presentes e devolve aos Correios. Eles se encarregam de entregar as crianças. Fácil, não é?
Aqui no trabalho pegamos várias cartas para poder distribuir entre todos, a fim de participarmos. A galera aqui em geral é tranquila para ajudar. Todos os anos damos cestas básicas para o pessoal da limpeza daqui. Não entrando no debate de assistencialismo, acho que é uma ação válida. E gratificante.
Só que um detalhe me chamou a atenção negativamente nas cartas que li. Não foram as redações das mesmas, a princípio quem as escreveu foram crianças em idade de aprendizado básico. O que me deixou triste foram os pedidos.
Na minha época de criança, ainda no século passado, o desejo do meninos eram bolas, biciletas, carros de controle remoto, autorama, videogame; das meninas, bonecas, casinhas, maquiagens. Podia variar um pouco, mas o grosso dos pedidos ao bom velhinho era esse mesmo.
E para meu espanto esse ano o líder na lista de pedidos é material escolar. Isso mesmo, material escolar, aquele conjunto de lapis,caneta, borracha, caderno, estojo e outras coisas miúdas para usar no colégio. Isso quer dizer que as crianças estão mais preocupadas com a educação que com a diversão? Não, de forma alguma.
O que está acontecendo é que os pais estão enviando as cartas e pedem material escolar porque não tem condições de comprar. Essas coisinhas são caras e pesam um absurdo na conta de quem recebe pouco mais de um salário mínimo. Louvável essa preocupação dos pais com a educação, mas onde fica a fantasia das crianças?? Ela faz parte da formação da personalidade e do uso da imaginação. Quem mandou criarem (ou importarem) esse mito? O comércio (sempre ele) agradece. Minha preocupação é estarem tolhendo essa oportunidade das crianças.
Eu separei 10 cartas para presentear, entre pedidos de brinquedos e de material escolar. E as que pediram material escolar eu vou dar um brinquedo também. Só vou esperar sair o meu salário (será que sai??) para poder comprar. Torçam pelas crianças.
E quem quiser participe da campanha também. Mesmo que você não acredite em papai noel.
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